quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo!!!


Feliz Ano Novo!!!
O ano termina pra todos nê? Que coisa doida essa... Como assim termina? Oras, vcs acreditam mesmo nessa coisa de virada do ano? Acreditam? Ótimo pois de fato existe... É uma concepção humana e por tanto é válida sim... Nesse ano fizemos coisas incríveis em Serrana. Nosso projeto musical, ecológico, roqueiro, comunitário e libertário... Realizou eventos bem diversificados. Desde a semana anti-manicomial até o Caipiro Rock. Desde o Sábado dos Cravos até o Natal mais utópico de nossas vidas... Sim, existe a Utopia amigos, é uma concepção humana então existe sim!!! Vc conhece a felicidade? Nossa!! Ela tb existe... O mundo tá se acabando. Nosso modo de vida está acabando com o mundo alias... A cultura de violência está doutrinando os pibes... as pessoas estão fazendo coisas cada dia mais crueis em troca de lucro... Nossa que novidade isso!!! Mas a cada dia fica pior mesmo. Nossa... ainda tem aqueles que acreditam mesmo que o mundo é válido se vc estiver "muito loco" ou "Chapado"... Parabéns a esses tb...Então a gente inventa a Utopia... a gente inventa mas não como um anestésico... a gente faz ela existir mesmo... vc duvida?? Nossa meu!!! não faz isso da sua vida, não duvide dos teus sonhos... Ah... Vc já conheceu a Terra do Nunca? Já brincou com suas crianças perdidas?? A gente te espera em Serrana com café, carinho, futebol e utopias...


Fotolog do dead fish e os comentários do evento NATAL E OUTRAS UTOPIAS que fechou o ano do cecac aqui em Serrana...
http://www.fotolog.com/deadfishoficial/29885831

Vídeo sobre o evento produzido pela banda/amigos/ativistas e plantadores de árvores SomoS
http://www.youtube.com/watch?v=p_MrHalyQjY

Para saber mais sobre nossa história e nosso movimento de bairro vejam:Blog do Sindicato do Rock e CECAC
http://sindicatodorock.blogspot.com/

Fotolog do Centro de Cultura e Ativismo Caipira (CECAC) - Serrana-sp
http://www.fotolog.com/cecac

FELIZ ANO NOVO!!!!

"FAZEMOS DOS NOSSOS SONHOS REALIDADE PORQUE ACREDITAMOS NA REALIDADE DOS NOSSOS SONHOS"

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

NATAL E OUTRAS UTOPIAS


NATAL E OUTRAS UTOPIAS


Pois é... Fechamos o ano lá no CECAC-parquim com um evento que foi mesmo a cara de Serrana. Amigos, música, oficina, banda do coreto da praça, café da tarde, dead fish, ibis, Dias Mortos, AA, Drop 121 e outras tantas bandas de amigos que vieram ao parquim para mostar que rock por si só é LAMENTÁVEL!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

NATAL E OUTRAS UTOPIAS

NATAL E OUTRAS UTOPIAS - PROGRAMAÇÃO COMPLETA

O Cecac e o Sindicato do Rock, decidiu fechar o ano com uma festa natalina completa.
Teremos bandas ao vivo, oficinas de reciclagem e musica, viola caipira, café da manhã e café da tarde aberto pra comunidade e muito mais...

Dia 15 Sábado 15 horas:

15:00 hs - Oficina de Reciclagem;
Café da tarde aberto a Comunidade;
Música ao vivo "Banda do Coreto da Praça";
Teatro Infantil com Prof. Adriana;
17:00 hs - Oficina musical com DEAD FISH (Alyand e Rodrigo);
19:00 hs - Banda Calvin Soró - RP;
20:00 hs - Banda de Serrana (eleição na hora para escolher um nome);
21:00 hs - SomoS - São paulo
22:00 hs - ÍBIS - Serrana

Dia 16 - Domingo - as partir das 10 horas;

10:00 hs - Work shop de Viola Caipira com Tião e Samir;
11:00 hs - I - Copa Autônoma de Futebol Caipira;
17:00 hs - Drop 121 - Serrana
18:00 hs - Banda Radio Clash - Cover do The Clash com Redson nos vocais;
19:00 hs - The Flag Pops - Franca
20:00 hs - A.A. - Serrana
21:00 hs - Cólera

E ainda mais atividades: exposições de zines, oficinas de zines, grafitagem, gravação e lançamento de uma banda durante o evento, bate-papos, barraquinha de cds e outros, silk de camisetas...

Os shows de noite serão cobrados R$3,00 + 1 kg de alimento na porta.
Os convites antecipados valem pros dois dias e custam R$5,00 + 1kg de alimento - comprar na loja Monica's Moda.

As atividades e oficinas de manhã e tarde são livres de portaria...segue o cartaz do evento... divulgue e venham curtir dois dias de liberdade de expressão. Rock de bairro com crianças e longe das maldades do mundo adulto...abraço a todos

terça-feira, 30 de outubro de 2007

DOBLE FUERZA EM SERRANA


Segue imagens da banda Doble Fuerza em Serrana. Na escola Maria Celina onde fizeram um bate-papo com alunos de oitava série sobre rascismo e o mito da rivalidade Brasil Argentina...
Além de tocar canções acústicas e jogar futebol com garotas corajosas que deram um baile nos hermanos kkkkkk

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

DOBLE FUERZA NO PARQUIM


Ainda estamos se recuperando da despedida dos amigos do Doble Fuerza... Caramba!!! Como que em Serrana é muito mais que um show de rock. É difícil falar agora... vamos deixar o tempo correr pra gente entender tudo e poder escrever aqui

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

ARGENTINOS NA ROÇA



Los hermanos estarão aqui em Serrana e Cravinhos entre os dias 22 a 25 e no dia 26 tocarão em Araraquara...

domingo, 14 de outubro de 2007

DOBLE FUERZA DIRETO DA ARGENTINA PRA ROÇA


Entre os dias 21/10 a 26/10, a banda estradeira Doble Fuerza estará por essas de passagem pelo interior fazendo shows em Cravinhos, Serrana, Araraquara...


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O que rolou no "Indie ou Morte!" 2007


O Festival Independente ou Morte!, desse ano prometia pelas novas bandas que se apresentariam. É bem certo que o envolvimento ainda não é o mesmo do maior festival do Sindicato do Rock (Caipiro Rock). Só pra quem não sabe a história. O Independente ou Morte!, teve sua primeira edição em 1998. Tratava-se apenas de um encontro de bandas independentes. Os anos passaram, montamos o CECAC, e as propostas do evento passou a ter a cara do nosso projeto. Mais uma vez, pra quem não conhece a nossa história: em 2005, um movimento de rock independente que já existia desde 1996, o Sindicato do Rock, passou a expandir seu campo de atuação com a ocupação e fundação do Centro de Cultura e Ativismo Caipira (CECAC). Tem cara de ONG mas não é. Podemos chamar o CECAC de um centro social autogerido. Temos por aqui música independente, oficinas de arte, cooperativa de bandas, biblioteca, aulas de instrumentos musicais de graça, grupo teatral entre outras coisas. Com a fundação do CECAC, os eventos do S.D.R. passaram a ser mais que uma noite de rock. Elaboramos uma agenda anual e cada evento tem uma temática “central”. Dado o tema, o evento então passa a oferecer formas de manifestação além da música. Para darmos um exemplo vamos direto ao Independente ou Morte!.
A primeira edição do Indie ou Morte!, repetindo, foi em 98, e tratava-se só de um encontro de bandas. Quando foi criado o CECAC, o festival já ganhou um contexto maior. Em 2005, o I.M. foi em três dias e focou na discussão de mídia independente. Foi realizada oficina e exposição de fanzines, apresentação de bandas, apresentação de filmes (incluindo “Uma Onda no Ar”, sobre a Rádio Favela de BH-MG) e um bate-papo com um grupo de adolescentes que editavam um jornal livre dentro de uma escola de Serrana.
Em 2006, o I.M, trabalhou a questão do Voto Nulo e a democracia representativa. Foi realizado o intercâmbio com um grupo ativista do ABC conhecido como Casa do Ativismo ABC. Além dos debates e discussões, foi apresentado uma peça teatral do CECAC, vídeos, exposição e bandas ao vivo.
Bom, chegamos em 2007, e mais uma vez o Festival ganhou um tema central que dessa fez foi a cena musical independente em si. Foram três dias de música livre e com atividades das mais variadas possíveis. Tivemos bate-papos, futebol, cachoeiras, pizzas, oficina de fanzine, cervejas, tamarindos... Relataremos então passo a passo como foi:


Dia 07/09 – sexta-feira
Na sexta-feira de feriado nacional o som começou com as meninas serranenses do AA (Alteradamente Alcoólicas). Banda formada dentro do projeto CECAC e que faz um rock simples, verdim. Com letras em português que falam da marvada e de correrias cotidianas. Mas simultâneo a isso, no salão de entrada do CECAC, papeis picados, colas, tesouras, maquina de escrever e muitas idéias, faziam parte da zona de idéias da oficina de fanzine (uma das proposta do festival). Instantaneamente foi elaborado um fanzine durante o festival. Todos participaram e o resultado foi tão honesto que deu até aquele orgulho dessa molecada toda.
Com a fábrica de zines ainda em funcionamento os mineiros entraram no palco (palco?). é bem verdade que eles esqueceram de trazer pão de queijo, mas o barulho não faltou. Gente do céu!! Essa minerada sabe mesmo fazer um rock simples e cru. A banda mais bizarra dos últimos anos cantou melodias com letras irônicas, melancólicas e raivosas. Estamos falando do UDJC. Não me pergunte o que significa na real. Só sabemos que pra gente significou rock dos bão! Zezinho (guitarrista, poeta e maluco – mesmo), fez barbaridades com seus dedos magros. Depois tivemos outra banda de Guaxupê, o Breckneck. Trash metal mas muito, muito bem tocado. Que raiva amizade!!! Muito bom mesmo. E o guitar era o mesmo doido do UDJC. Daí ce já viu nê? Os bate-cabeças foram a loucura mesmo. Sabe que depois do som ainda houve uma tentativa de futebol com os mineiros? Mas o que vimos foi mais bizzaro que o som dos caras.
A noite terminou com remessas de pizzas e os nossos novos amigos da banda Visitantes e do projeto Escárnio & Osso de São Paulo, chegando de viagem e compartilhando conosco do jantarzinho.

Dia 08/09 – sábado
Bom, pra não perder o costume o sabadão começou com um café forte e o desafio boleiro. O time do parquim, Zé Rodão Contra a Rapa F.C., enfrentou os destemidos atletas dos Escárnio & Osso F.C., que entraram com o uniforme de visitantes (sem camisa). O jogo foi bem apertado... O placar foi 12 X 09 pros caipiras.
De noitinha, depois dos paulistanos terem se banhado nas magras águas das cachoeiras serranenses, o festival recomeçou com uma reuniões do pessoal do Público Rock, grupo que agita e trama uma construção democrática da cena musical indie. Recebemos um pessoal de Franca a banda The Pop Flag, uma turma da rádio USFCAR de São Carlos, pessoas de Araraquara e outros picos. O som da noite começou com a banda de várzea Íbis. Jogando em casa sobrou agitação. Gritos, coros, cantos de incentivo. Tecladinho fazendo a frente e muita diversão mesmo... nos intervalos o público cantava a canção: Grandola Vila Morena e o clássico João Batera. Foi emocionante.
Os Visitantes entraram em seguida. Puta sonzera e energia desses malucos. Guitarradas. Canções que te levam a pensar em sentimentos profundos. Só que de repente: gritos e barulhos. Que legal que foi a visita deles por aqui... não nos esqueceremos de toda essa paixão doida.
Mais de noite ainda teve um terceiro tempo e foi os francanos do TheFlag Pop que iniciaram seu barulho retro com três guitarras na “palco”. Meu amigo! Outra revelação. Rock tocado da forma mais simples e melodias pops. Nome bem acertado viu. O interiorzão está cheio de cabra roqueiro!!!
Lembrando que aquele fanzine montado no primeiro dia do festival estava já xeroxado e sendo distribuído ao público.

Dia 09/09 – domingo
O domingo também foi mais um dia de intenso calor e rock. Uma nova banda de Serrana abriu o dia com um som totalmente livre. É o Plug in/out. As músicas instrumentais tocadas instintivamente. Não teve pausa. Foram do inicio ao fim num só bloco sonoro...
Depois dos barulhentos caipiras tivemos outros barulhentos caipiras. A banda de Ribeirão Preto, Berrodúbio. Muito bom. O que chamou atenção foi os vários instrumentos de percussão que usam durante as músicas. Num dado momento tivemos moda de viola em meio ao caos sonoro. Sim, viola caipira!!!
Nessa hora eu tava num olho no peixe e outro no gato. Escutando e admirando os meninos do berro dúbio e silcando camisetas do festival pra cambada. Mas não era só eu que estava curtindo “trabalhando” não. Marcelo e Ana da turma do Escárnio & Osso, fizeram algumas obras artísticas no espaço do CECAC. Nasceu até uma árvore lá no bar de arrake.
Bom, depois veio mais uma banda nova em Serrana, o Espaço em Branco. Punk hard core com ska. Letras muito bem sacadas mesmo. Mais uma banda honesta de Ribeirão. O som estava muito alto essa hora e muitos preferiram sair do salão e dar um tempo pros ouvidos. Mas ainda não havia terminado.
A última banda do Indie ou Morte!, foi o Dias Mortos. Também de Serrana, apresentaram sons próprios bem elaborados e escritos. É a mesma banda que fez todo mundo entrar na quadrilha hard core no Caipiro Rock desse ano. Vida longa aos Dias Mortos.
O saldo desse festival foi incrível pra nós todos do Sindicato/CECAC. Conhecemos muitas bandas maravilhosas e o que é melhor, pessoas também. A minerada que ficou com a gente os três dias. Os paulistanos também. Ficaram em Serrana e vivenciaram o que somos mesmo. Brigas, lágrimas, calor do clima, calor humano, bagunça, idéias etc, etc, etc. Mais uma estrela no peito da camisa do CECAC. Mais um título pro parquim. Mais um final de semana pra gente não se esquecer.

Ricardo Brasileiro

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Festival INDEPENDENTE ou MORTE!


Atenção aos que apoiam e fazem cultura alternativa, independente ou livre...

Vai acontecer nos DIAS 07,08 e 09 DE SETEMBRO. Mais uma ediçaõ do FESTIVAL INDEPENDENTE OU MORTE!.

Bandas, oficinas de fanzines, exposições, filmes, bate-papos e amizade em três dias. Tudo isso na grande Serrana. Lá no CECAC - PARQUIM.

O cartaz em anexo anuncia todas as atrações e atividades, o endereço e os pontos de vendas de convites...

segue a programação:

dia 07/09 feriado sexta-feira às 16 hs

filmes
Oficina de Fanzines (I-parte)
Breckneck - guaxupé-MG
AA - Serrana
Espaço em Branco - Rib.Preto
UDJC - Guaxupè-MG

dia 08/09 - sábado às 20 hs

Oficina de Fanzines (II-parte)
Bate-papo com Scarnio e Osso
Visitantes-sampa
Íbis - Serrana
The Flag Pops - Franca

dia 09/09 - domingo às 16 hs
filmes
Oficina de fanzines (III-parte)
Berrodubio - Rib.Preto
Dias Mortos - Serrana
Plug in Out - Serrana
Alma Mater - Rib.Preto

local_cecac-parquim
serrana ao lado do Serrana esporte clube
rua barão do rio branco s/n
centro

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

"A TERRA DO NUNCA E SUAS CRIANÇAS PERDIDAS"


Mais uma vez me pego escrevendo sobre situações vividas em um evento underground. Lógico que eu mesmo já não suporto isso. Não agüento nem mais esse termo: "underground". Eu penso que estou estagnado, pois não consigo me deslocar desse meio. É certo que ler e escrever fanzines, montar uma banda e conhecer lugares e pessoas, foi uma descoberta muito válida para mim. Mas quando você fica mais velho sente-se um besta repetindo as mesmas coisas que fazia aos dezoito anos. Não só isso. Também enxergamos o que devemos repudiar nessa coisa de "cena alternativa", "cena indie" ou "underground": Egocentrismo, competição, inveja etc. Características presentes nas pessoas, que cercam tal atmosfera incluindo nós mesmos. No fim todos estão querendo aparecer e alguns poucos conseguem fazer disso algo divertido e provocante. Controlar o ego é um exercício constante para quem tem uma maldita banda na cena.


Há dois anos, nosso movimento que já existe há onze anos, deu uma virada. Deixamos de ser uma cena musical underground para ser um espaço comunitário. Deixamos de dar prioridade à cena alternativa e focamos nossa energia na construção de um espaço libertário, autogerido e contestador. São palavras muito comuns no clichê ativista. Mas não vou deixar de usá-las, pois elas são justas ao que acontece em Serrana. Moleques num domingo de manhã ouvindo Misfits com enxada na mão capinando o mato. Meninas pintando as paredes por horas visando embelezar um espaço comum. Mães que organizam almoços coletivos para os convidados. Rapazes que se dedicam a dar aulas de instrumentos a outros moleques. Banda que grita com tanto ódio sua existência frustrada que faz da existência algo não tão frustrante assim. Lágrimas e sorrisos pelas madrugadas. O que era uma cena musical independente aqui virou uma visão de mundo independente. Reuniões, democracia direta, amizade, problemas e soluções. Experiência coletiva.


Nesses dias pra trás fui tocar em mais um evento underground em uma outra cidade. Pela primeira vez na minha vida preferi ficar em casa naquele dia de extremo frio. Mas era um compromisso. Pegamos a van, contamos o dinheiro, brincamos um com o outro e seguimos. Eu estava cercado de novos amigos. Não eram mais aqueles mesmos que há anos estiveram na mesma comigo. Nesses anos muitos passaram e quase só eu fiquei. Me senti um tiozão. Lógico que pensei comigo mesmo: Por que eu ainda estou nessa? Era mais um show underground. Bandas tocando, querendo aparecer e pouca conversa além daquelas de sempre. Encontrei "amigos do meu tempo". Eles estavam lá pra curtir um som. Quem acreditava naquilo tudo afinal?


Eu estava cercado de "moleques" e de repente me senti muito bem por isso. Toquei com uma banda que é uma piada para muitos. Banda dos tempos em que acreditávamos na cena. Banda do tempo que eu e meus "amigos" éramos moleques também. Eles saíram e eu continuei. Quem estava comigo no palco não eram os meus "amigos das antiga". Eram meus amigos atuais. Já me diverti tocando muito com essa banda, mas dessa vez não tinha egocentrismo. Tinha diversão e cumplicidade. Eu senti isso com outros "moleques" do ABC. Mas agora estávamos jogando em casa. Quando descemos do palco voltamos a brincar. Rimos e cuidamos um do outro. Me passou muita coisa naquele momento. Foi uma das poucas vezes que me senti acolhido por pessoas de verdade. Eu me senti protegido e aquecido. Queria que eles não crescessem nunca. Pensei de relance num futuro imediato. Como aconteceu com os outros eles também vão mudar. Terão coisas mais importantes na vida e fiquei com muito medo desse dia. Eu queria que nada mudasse e que aquela noite durasse uns dez anos pelo menos. Que o abraço não terminasse e que os cantos nunca deixassem de toar. A noite em que sentimentos voltaram à tona. Daí eu vi que a gente nem tem que se importar com o tal "underground", na verdade ele é um pano de fundo para nossa história.


Pensei que eu estava parado no tempo, mas na verdade eu queria que o tempo parasse mesmo.


Ricardo Brasileiro

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Um sentimento caipira

“Ole, ole, ole, ole, ole, ole, ola... Cada dia te quero mais. Sou Sangue de Barro, esse sentimento nunca morrerá”. A décima edição do Festival Caipiro Rock terminou com o público cantando esse coro de torcida, uma homenagem a banda Sangue de Barro de Caruaru-PE. Mais 18 bandas que se apresentaram no Caipiro Rock 2007, entre os dias 01 a 09 de julho. Nos 10 anos de história podemos dizer que esse foi o maior festival organizado pelo Sindicato do Rock e CECAC. Em quantidade de bandas, de atrações, atividades e de dias. Mas vale lembrar da qualidade do público e dos convidados. Diferente dos outros festivais de música independente o Caipiro Rock a cada ano reforça o que mais tem de específico: um sentimento caipira. Uma comunhão de música e amizade. De som e receptividade. Sentimento esse muito difícil de se explicar mas vivenciado por todos que vem a Serrana, livre da preocupação de ser a melhor banda independente de uma cena fictícia. Bandas que enfrentam a Anhangüera no sentido do interior para participar dessa festa junina, deixando para trás todo e qualquer resquício de estrelismo. Um final de semana com música, energia, amizade, quentão e bolo de fubá. Uma fogueira pra esquentar o inverno mentiroso da Alta Mogiana. Um abraço coletivo de moleques e meninas de boa fé pra esquentar o coração. Meninas sem uniformes. Moleques que se encontram por aqui. Despreocupados com rótulos e tribos, vivendo uma liberdade por meio da música, da manifestação e do pogo. Mãos dadas na quadrilha hard core, surpresas nos solos de guitarra ou nas canções vindas de tão longe. Homenagens em cima do palco e lágrimas nas despedidas. Cabelos espetados, crianças tocando viola, pernas de pau jogando bola, cantorias em volta da fogueira e bicicletas desajustadas. Dias em que expressões tais como: “do caralho”; “muito obrigado”; “vocês são demais”; “nunca esqueceremos esse dia”; entre tantas outras, substituem outras como: “cachê”; “contrato” etc. Ainda tivemos aqueles que duvidaram de tudo isso e preferiram ficar na terra cinza e fria. “O dinheiro que vocês ofereceram não paga nem as despesas”. Ou ainda: “A gente não pode tirar dinheiro do bolso pra tocar”. Afinal, quem perdeu com isso? Poderíamos esquecer o desprezo mas temos que trazer a tona apenas para entender o antagonismo dessas bandas, dessas mentalidades. Ta bão, ta bão! Esqueçamos isso tudo e voltemos ao sentimento real.

A gente fica aqui pensando o que podemos melhorar. O que está errado e coisa e tal. A gente conhece outros festivais de música e fica meio que nem bobos. Mas aqui o importante não é se o patrocínio é de grande porte. Nem se a banda da noite vai chamar um grande público. Também não importa se receberemos uma banda conhecidinha na cena indie. Vale mesmo ouvir de uma avó que foi ver sua netinha tocar bateria numa das bandas que se apresentaram dizer que o festival foi “muito lindinho”. Vale ver a molecada super preocupada com a água que acabou e com a fome das bandas de fora. Vale comer os doces e bolos que as mães fizeram exclusivamente para festa. Também vale mais ver os seguranças comendo pipoca, os mutirões de limpeza do nosso centro para receber melhor os convidados e a disputa no final do show pra ver quem leva mais integrantes de bandas pra dormir em sua casa. Um sentimento. É isso que vale. As melhores bandas fecham o parquinho junto com a gente.

Ricardo Brasileiro