CECAC
Centro de Cultura e Ativismo Caipira de Serrana. Um espaço autônomo que desde 2004, cria uma opção de ação e cultura para a molecada. Trabalho, música, suor e lágrimas
É certo que a gente é animal político. E é certo que a cada dia devemos tomar a política pra nós. Longe de ser a política dos trambiques, é a política a flor da pele que falamos aqui.
Esta noite passada, Rodrigo (Dead Fish), e o "Exército de Moleques Sonhadores", estiveram juntos falando de música, de ideais e política no Parquim.
Houve um tempo que o homem acreditava em ideias e elas guiavam de fato o ato. Mas hoje o homem não é tão diferente, e pode sim ser guiado por um sonho. Porque também ama (continua sempre assim). Nessa noite que passou, o CECAC, meio que as escuras, fez sua maiêutica, e olhou pra si mesmo. Cara e rosto de moleque, cabelo moicano e calça larga, assim, olhou pra si mesmo e deu sua própria luz. Expondo, ouvindo e refletindo, criou um campo tão diferente do lá fora que não pode deixar de se ver por dentro. Assim, num estalo, sentiu-se como outras vezes, donos da cidade, e encheram os corações de vontade de fazer. Fazer agora e sempre mais. Assim, num olhar (pés batendo no chão) de um molecão que tem uma grande banda e é um grande cara, estava muito claro que não se tratava de algo pequeno mesmo, é a história de nossas vidas.
Muita coisa pode acontecer, mas ninguém consegue roubar, nem sequer deixar de canto, morrendo aos poucos, a vontade de tomar pra si o mundo. Porque por fim o mundo é mesmo dos meninos e meninas que colocam significado em cada suor derramado, em cada acorde e grito de felicidade (vocês viram lá). Política a flor da pele é ser você mesmo e ser tudo isso junto com outros tantos como você. E sentir falta desses outros. Não sei até que ponto tudo vai mudar, mas pouco importa quando já se é dono da sua própria revolução.
Crescendo mais a cada ano, o Grito Rock chega a sua nona edição com o impressionante número de 132 cidades realizadoras no ano de 2011, apresentando um crescimento de 65% em relação ao ano anterior e consolidando-se como o maior evento integrado do planeta. O festival conquista as fronteiras da América Latina e acontece em 10 países: Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Panamá, Costa Rica, Honduras e El Salvador.
Os eventos do Grito Rock ocorrem entre 19 de fevereiro e 28 de março. O Festival é uma produção do Circuito Fora do Eixo, filiado à Associação Brasileira de Festivais Independentes – Abrafin. Realizado também com apoio do Toque no Brasil que disponibiliza, a partir de 12 de janeiro, mais de mil vagas para bandas e artistas brasileiros e do mundo. A expectativa é que 2.000 bandas/artistas se apresentem para um público de cerca de 200 mil pessoas, aumentando em 150% no número de bandas em circulação nos últimos 2 anos.
Estima-se que o investimento total dos produtores de Grito Rock combinados alcancem aproximadamente R$2,2 milhões, injetados diretamente no mercado independente. O valor médio de cada evento também é apelativo – em média são aplicados $16.000,00, entre reais e moedas solidárias. A produção colaborativa envolve cerca de 9 mil pessoas trabalhando direta e indiretamente, sendo divididos entre empregos formais e informais, autônomos, voluntários e – boa parte deles – são de colaboradores da produção, que recebem em moedas sociais ao invés da moeda oficial vigente (Real).
A ideia de promover o festival em rede vai além de estimular a produção. Segundo o gestor nacional do Grito Rock 2011, Felipe Altenfelder, “o Grito é principalmente um estímulo às conexões em rede, a circulação de artistas, a distribuição e a comercialização de produtos, a comunicação integrada, a formação de agentes culturais, e a geração e difusão de tecnologias de gestão”. Para incentivar toda esta troca, os organizadores lançam as Campanhas do Grito Rock, ferramentas de mobilização e integração (mais detalhes abaixo).
Apesar de ter o “rock” no nome, o Grito não restringe a programação a estilos. Uma das organizadoras pioneiras do festival, Marielle Ramires, conta que “quando iniciamos, o rock era o diferencial da ação, mas com o tempo a rede de produtores foi entendendo que se a atitude for rock, o som pode ser em qualquer ritmo”, se referindo ao lema “faça você mesmo” que nasceu no punk rock e tem sido adaptado para o “façamos juntos” no movimento independente nacional em ações como o GR.
E a música que sempre foi a vedete do evento integrado, compartilha cada vez mais o espaço das grades com outras atrações. Programas de formação tais como palestras, debates e oficinas acontecem em rede desde 2007. A partir deste ano, o Palco Fora do Eixo inaugura a ocupação no Grito Rock com as duas turnês de grupos cênicos, que visitarão 6 cidades de Minas Gerais e 7 de São Paulo. Outra ocupação que se inicia em 2011 é o Fora do Eixo Socio-ambiental, que contabilizará o impacto que o festival causa ao meio ambiente e promoverá compensação com plantio de mudas em 3 regiões de biomas diferentes no Brasil.
A amplitude, a diversidade, a pluralidade e o modo de organização em rede e colaborativo são alguns dos argumentos que a gestão nacional do Grito Rock vão apresentar ao Guinnes Book (o livro dos recordes), para concorrer ao título The Greatest International Music Festival (o maior festival internacional de música), com a edição de 2011.
Os realizadores Conheça os produtores integrados
Pela primeira vez desde que começou a ser realizado de maneira colaborativa, o Grito Rock será executado nos 27 estados brasileiros e em outros 8 países (com cidades da América do Sul e Central). Os 132 produtores cadastrados na realização do Grito Rock representam um crescimento de 65% em relação a 2010, quando o projeto conectou mais de 80 pontos.
Entre os produtores, 13 estão na região Norte, 18 são do Nordeste, 11 do Centro-Oeste e 17 no Sul, enquanto o Sudeste soma 63 realizadores e 10 cidades são de outros países (Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Panamá, Costa Rica, Honduras e El Salvador).
51% das cidades participantes realizam o GR pela primeira vez, 22% pela segunda, 10% pela 3ª, enquanto 8,5% o produzem pela 4º e o mesmo número a 5ª, enquanto Cuiabá, que começou o projeto, já está na sua 9ª edição. Desses produtores, 52% são Pontos ligados a rede Fora do Eixo, enquanto 48% não, mostrando que o projeto transcedeu o Circuito, caindo nas graças dos produtores em geral.
Para participar, eles se inscreveram via site do Grito e logo após serem contemplados, cadastraram seu evento no sitema do TNB.